sábado, 25 de fevereiro de 2012

QUANDO 'CONHECI' MARTHA MEDEIROS


05fev2012-17h20
Descobri em meus primeiros e-mails que em 24jan2008 C já me apresentava a minha escritora favorita.

Guerreiras e heróis
(Martha Medeiros)

Não estou assistindo ao Big Brother, mas vi a chamada para o programa dia
desses. Mostrava uma moça, uma das participantes, olhando pra câmera e
dizendo com ar dramático: "Eu sou uma guerreira!!". É de dar nos nervos.
Guerreira por quê? Porque está participando de um programa de televisão que
vai levá-la, no mínimo, à capa da Playboy? Guerreira porque foi escolhida
entre milhões de candidatos para ficar comendo do bom e do melhor e jogando
conversa fora com um monte de desocupados? As pessoas não têm culpa de serem
burras, mas mereciam uma surra por se levarem tão a sério.

O Big Brother é um programa de tevê como outro qualquer e não defendo sua
extinção, mas é preciso ficar atento a certos exageros. Por exemplo, é um
exagero condenar o jornalista Pedro Bial por apresentá-lo, o cara está
trabalhando, só isso. Por outro lado, ele perde a noção quando chama aquele
pessoal de "nossos heróis". É o mesmo caso do "guerreira": a troco de que
usar essas expressões graves e superlativas para falar de uma brincadeira
televisiva onde todos sairão ganhando?

O que irrita no Big Brother, mais do que sua inutilidade, é o fato de os
participantes serem tratados como vítimas. Qual é? Circula pela internet um
arquivo PPS que, pela primeira vez na história dos PPS, me tocou. Ele mostra
heróis de verdade: homens e mulheres que abrem mão do conforto de suas casas
para fazer trabalho voluntário em aldeias na África e em clínicas móveis no
Líbano. São pessoas que oferecem ajuda humanitária internacional através do
programa Médicos sem Fronteiras e que não medem esforços para dar amparo e
assistência a moradores de ruas e demais necessitados, seja no fim do mundo
e ou aqui mesmo nas ruas do Brasil. Isso é heróico, isso é ser guerreiro.
Quantos de nós, bem nascidos e bem criados, abrem mão de seus pequenos luxos
para ajudar quem precisa?

Por isso, se você é da turma que liga pro Big Brother pra votar em paredões,
pense melhor antes de erguer o telefone. Direcione sua ligação para um
programa assistencial, gaste seu dinheiro com algo que realmente seja útil.
Assista ao BBB, divirta-se e dê audiência, não há nada de errado com isso,
mas cada vez que tiver o impulso de ligar pra tirar fulano ou sicrana do
programa, se toque: tem gente mais necessitada precisando da sua ligação. O
site do Unicef traz uma lista de entidades que você pode colaborar dando
apenas um telefonema. Quer dar uma espiadinha? Então espie o que está
acontecendo à nossa volta.

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